Foi em 2013, durante um desses internamentos, e enquanto fazia um graffiti no Centro Gastronómico, que Rodrigo Sepúlveda Nunes (o conhecido graffiter Vile), seu amigo desde os tempos da escola, se lembrou de lhe prestar uma homenagem e de lhe deixar uma mensagem de força positiva escrita numa parede da localidade.
Quando acabou o mural que estava a pintar no Centro Gastronómico, Rodrigo Nunes, ou Vile, pensou: “Amanhã, vou fazer uma cena para o Jóni”. Já tinha antes reparado naquele muro no fundo das escadinhas e junto à Estrada Nacional 1 e, no dia seguinte, começou a pintá-lo logo de manhã, só vindo a sair sai dali à noite, mas com o graffiti terminado.
No dia em que Jóni saiu do hospital e iria ver o graffiti, o graffiter não estava presente.
“Ele vinha de carro com os pais e nós juntámo-nos todos, mesmo todos, e fomos lá para trás para o pé do grafitti. Já estava combinado com o pai dele, só que ele não sabia. Quando o carro veio e parou lá na paragem (de autocarro, em frente ao muro onde foi desenhado o graffiti), ele olhou para o lado e viu o graffiti e toda a gente. E depois ele veio ao pé de nós e estávamos lá todos! Foi bom!” conta Rúben David.
Primeiro mural: Tapado
Um dia, alguém teve a ideia de pintar o mural de cinzento, em pinceladas grossas de forma a tapar por completo todo o desenho feito por Vile.
Jóni, quando soube que o graffiti tinha sido tapado, ficou destroçado. Pensou que se tratava de uma questão pessoal e que alguém lhe desejava mal.
Rodrigo Nunes também ficou muito triste. Pensou que tinha acontecido alguma coisa a Jóni e telefonou-lhe imediatamente para saber se estava tudo bem. Felizmente estava, apenas o graffititinha sido destruído. Mais do que a dor de ter visto o seu trabalho destruído, Rodrigo Nunes teve pena que o amigo tivesse presenciado a destruição do mesmo e pensado que alguém lhe queria mal.
Ricardo Mendes, mais conhecido por Dudu, vizinho e amigo de longa data de Jóni, conta: Eu nem sabia… um colega de trabalho é que me perguntou: “Então, estragaram o graffiti lá no bairro?” E eu até perguntei: “Que graffiti?".
Ricardo Mendes não se apercebeu logo que o graffiti tinha sido vandalizado. Só depois de falar com o Jóni e de presenciar a parede pintada de cinzento confirmou o sucedido. “Fiquei com uma raiva!”, confessa.