Soho e Café Puro: Herdeiros de quase 25 anos na noite vila-franquense

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O Soho - Café and Lounge festejou os seus sete anos neste mês de Janeiro, mas foi em 1993 que começou a história, com quase um quarto de século, de um grupo de amigos na noite vila-franquense

Diz-se que a noite tem os seus mistérios, mas a noite vila-franquense é, ela própria, um mistério. Numa altura em que esta acorda e adormece constantemente com a abertura e fecho de bares que não resistem às intempéries económicas, o Gaibéu quis conhecer a história de quem trabalha essencialmente quando o sol se põe e sabe o segredo da permanência que os mantém de olhos bem abertos e fixos no futuro, acreditando que a noite poderá ser sempre uma criança.

Vinte e quatro anos na noite a servir lazer, convívio e encontros às gentes desta Vila Franca que sofre as consequências de ser tão próxima de Lisboa, os sócios gerentes da Comiself levantam o véu e mostram como estão há tantos anos no ramo, apesar das dificuldades que o sector atravessa, e com vontade de aí continuar.

Rui Lourenço (à esquerda, na foto) e Pedro Pato (à direita, na foto) são os sócios gerentes desta empresa que gere o Soho e o Café Puro e que foi criada, em 1993, por eles e pelos amigos de longa data, Mário Cerejo e António Ribeiro.

Rui Lourenço

Rui Lourenço tem 46 anos e vive em Vila Franca de Xira.

Estudou Gestão, curso que interrompeu para se entregar de corpo de alma ao então ainda projecto Comiself.

Rui Lourenço trabalhou nos antigos Vary Naice, Dó Ré Mi e Rua Direita (ainda sob a alçada da antiga gerência).

Inicialmente, juntou-se-lhe António Ribeiro e, mais tarde, Mário Cerejo e Pedro Pato.

Os quatro amigos criaram a Comiself, da qual Rui Lourenço é ainda hoje sócio-gerente.

Pedro Pato

Pedro Pato tem 47 anos, é de Vila Franca de Xira, vive no Porto Alto, mas é mais fácil encontrá-lo aqui do que no Porto Alto.

Estudou Engenharia Mecânica, mas tal como Rui Lourenço, interrompeu o curso para se entregar de corpo de alma ao então ainda projecto Comiself, do qual é também ainda hoje sócio-gerente.

Rita Simão

Rita Simão é a mais nova, tem 31 anos, vive em Vila Franca de Xira e dinamiza o Soho.

Trabalhou como consultora imobiliária, mas hoje, durante o dia, é assessora odontológica numa clínica em Lisboa. Ao fins-de-semana, à noite, pode ser encontrada no Soho, onde, a princípio, trabalhava só no serviço de bar, mas após a remodelação do espaço, em 2015, entrou para a equipa como relações públicas.

Para conhecer a história do grupo que dá vida à noite vila-franquense, clique nas setas laterais na imagem. 

A Cafetaria do Museu do Neo-Realismo foi o projecto que se seguiu ao Soho, que a empresa Comiself abandonou recentemente. Rui Lourenço e Pedro Pato explicaram que a cafetaria era um pouco limitada, devido a ser situada dentro do próprio museu, por isso resolveram integrar o tipo de serviço de almoços que aí tinham no Café Puro e dedicarem-se apenas a este estabelecimento e ao Soho.

A cafetaria é hoje explorada por uma outra empresa.

 

O futuro da noite

Em conversa com os sócios gerentes da Comiself, tentámos perceber que futuro previam para os negócios da noite de um forma geral. Rui Lourenço e Pedro Pato concordam na ideia que o futuro depende muito das condições económicas do país.

"Se a economia continuar como está vai ser difícil as coisas melhorarem muito, já que para as pessoas, primeiro estão as necessidades básicas, como a comida e a sobrevivência das famílias e só depois vem diversão. E os bares fazem parte da diversão", explica Rui Lourenço.

"Apesar de tudo, quem tem dinheiro sai. Mas as coisas têm tendência a serem caras, porque não há rotação. Quem sai tem de pagar. Quem abre um negócio destes a pensar que sobrevive a vender barato, engana-se, porque não há a tal rotação, não há muita gente a sair. Para manter uma casa, tem que se pagar licenças, SPAs, segurança, segurança social, etc. e, por isso, não se pode vender um café a 0,60€ ou uma cerveja a 1,00€ como no café da esquina. Mesmo assim, tentamos ter preços acessíveis à maior parte das pessoas", esclarece Pedro Pato.  

Os gerentes do Soho e do Café Puro pensam que a existência de mais casas de diversão nocturna seria favorável ao negócio da noite, pois haveria mais gente a circular nas ruas, mais clientes para todos, o que permitiria que os preços descessem e que as casas se mantivessem abertas por mais tempo.

 

Uma noite que se fez quase sozinha

Dos quase vinte e cinco anos de experiência, de amizade, de sociedade e em que a noite lhes tem sido dia de trabalho, os sócios destacam uma história em que o bar quase funcionou sozinho:

"Como somos todos amigos, quando havia um casamento éramos todos convidados, mas como trabalhávamos à noite, depois tínhamos que decidir quem ia abrir a casa, o que era sempre um problema.

Um dia, no meio da confusão de quem ia abrir a casa, ficámos todos a achar que quem ia era sempre outro que não nós. Na verdade, ninguém foi, mas a casa esteve aberta, porque um amigo que trabalhava connosco tinha a chave e foi abrir o bar e começou a trabalhar a pensar que nós íamos chegar a qualquer momento. Os clientes chegaram e alguns foram-no ajudando a trabalhar. Mas nós nunca chegámos e nessa noite o bar funcionou sem nós e só com um empregado e com os clientes e amigos a ajudar.

No dia seguinte nem queríamos acreditar que a casa tinha estado aberta. Perguntámos ao nosso empregado como tinha conseguido, sozinho, ter a casa aberta. Ele explicou-nos que como os clientes foram chegando e ajudando, a noite tinha-se feito na mesma."

Página de Facebook: Soho - Café and Lounge

Página de Facebook: Café Puro

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Texto, entrevistas e timeline: Sofia T.

Fotografia: Jorge Figueira

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